Por Evaí Oliveira
Departamento de Resolução de Crimes – DRC.
8h45min
Tomas Carvalho, supervisor do Laboratório Forense, estava saindo do escritório do DRC quando o computador disparou um alarme avisando do recebimento de uma mensagem. Ao abri-la, contatou imediatamente o detetive Élter Óliver.
– Óliver, acabamos de receber um código 240B, homicídio/assassinato no estacionamento do Condomínio Aquarius. Vá até lá e investigue a cena do crime.
– Tomas, estou passando pela avenida do Aquarius. Dentro de 5 minutos, estarei lá.
Élter Óliver é o detetive mais jovem que o DRC já contratou. Com 22 anos, já mandou para a prisão 3 assassinos e 2 ladrões de banco. Usa óculos e um fone do ouvido conectado sem fio ao celular.
Quando chegou à entrada do Condomínio Aquarius, encontrou 3 policiais na frente do portão de acesso ao estacionamento.
– Recebemos ordens para não deixar ninguém entrar no Aquarius. Por favor, volte. – Falou um dos policiais.
– Sou o detetive Élter Óliver, do Departamento de Resolução de Crimes. Meu chefe, Tomas Carvalho, mandou eu vir para cá. – Enquanto se identificava, mostrou o distintivo do DRC.
– Tudo bem. Pode passar.A área estava demarcada com uma fita amarela com listras pretas. Ao lado de um carro, havia uma mulher vestida em uma camisola verde. Estava morta. Élter pegou o celular, digitou o número de Tomas, apertou o botão de chamar e o colocou no bolso. O telefone estava conectado sem fio ao fone de ouvido comunicador.
– Tomas, encontrei o corpo da vítima.
– Ótimo, Óliver, mandarei seu assistente com a equipe para trazer o corpo para realizar autópsia. Outra coisa: já comuniquei ao sargento que esse caso está em nossas mãos. Os policiais só ficarão no local até o final do dia.
Depois de 20 minutos, Marco Esteves, o assistente, chegou ao Condomínio com dois enfermeiros. Retiraram uma maca do furgão. Dirigiram até o corpo da vítima, recolheram-no e levaram para o DRC.
– Carvalho mandou você voltar para o escritório. Os policiais cuidaram para que ninguém se aproxime da cena do crime. – Passou o recado, Marco Esteves.
Marco colocou o celular, que estava ao lado do corpo da vítima, no escâner de digitais e se sentou ao computador.
– Vejam isso! As impressões digitais encontradas no celular são de Patrícia Dornelles. O aparelho não funciona. Deve ter sido danificado quando caiu.
O médico legista, Dêivide Fournier, entrou no escritório.
– Olá! O corpo da vítima já está no laboratório. Quando a autópsia for concluída, trarei informações imediatamente.
Tomas, Élter e Marco estavam no escritório aguardando o resultado da autópsia e pensando no possível motivo do assassinato.
Dêivide voltou à sala, após 30 minutos.
– Pessoal, a autópsia foi concluída. A jovem morreu asfixiada. Tinha escoriações no pescoço, provocadas por algum tipo de corda, que deixaram hematomas.
– Alguém a atraiu ao estacionamento. Se o celular funcionasse, poderíamos ver se ela tinha recebido ligações. – Falou, Élter.
– A vítima lutou contra o assassino. Tinha ferimentos nas mãos e encontramos DNA embaixo das unhas. O DNA não está no CODIS, mas é masculino. Ainda há outra coisa interessante: Encontramos partículas de tinta lilás embaixo das unhas dela.
Marcelo Henriques, chefe do laboratório forense, chegou à sala.
– Olá! O que conseguiram descobrir com relação ao crime? – Perguntou Marcelo.
– Até agora, sabemos que um homem é o assassino. – Disse Marco.
– E tem o rosto arranhado. – Completou Élter.
– Ela foi morta por asfixia. – Falou Dêivide.
– Marcelo, faça a análise dos vestígios da tinta lilás que Dêivide encontrou embaixo das unhas de Patrícia. – Solicitou Tomas.
– Levarei esse material para o laboratório agora mesmo. Voltarei assim que obtiver o resultado. – Marcelo pegou a lâmina com resíduos da tinta e seguiu para o laboratório forense.
Minutos depois, Marcelo retornou ao escritório.
– Já tenho o resultado. A tinta lilás é específica para as pinturas automotivas.
– Élter, você percebeu algum veículo ou balde de tinta lilás, no estacionamento do Condomínio? – Perguntou Tomas.
– Não me recordo bem. Mas vou voltar ao Aquarius neste momento. Marco, venha comigo. – Falou Élter, seguindo para a garagem.
Marco estava ao telefone. Desligou a chamada e transmitiu a informação.
– Pessoal, o porteiro ligou para dizer que um morador do prédio viu alguém sair do estacionamento usando um colete laranja.
– Mais uma pista. Agora, vão. Ordenou, Tomas.
No estacionamento, avistaram uma Hilux branca com alguns arranhões.
– Ali está um carro branco. – Apontou Marco.
– Vamos ver se encontramos alguma coisa suspeita. – Falou Élter.
Na parte de trás da Hilux, havia um saco de lixo, um pneu estepe, um boné e um tunel de armazenar água. Ao olhar bem, Marco viu uma corda elástica.
– Dêivide disse que a asfixia foi provocada por algum tipo de corda. Vamos levar esse esticador para Marcelo analisar. – Enquanto falava, Élter tirou um saco plástico do bolso e o envolveu no esticador.
Voltaram ao escritório do DRC e entregaram o esticador para Marcelo fazer a análise.
– Ótimo, detetives! Essa corda pode ser a arma do crime. Vamos ao laboratório forense. – Falou Tomas, entregando o pacote a Marcelo.
Marcelo colocou o esticador no detector de impressões digitais e DNA.
– Pronto, encontrei DNA epitelial de Patrícia e do mesmo homem desconhecido na corda elástica. Sem dúvidas, essa é a arma do crime! – Disse, levantando-se da cadeira do computador.
Enquanto seguia para a o detector, Élter percebeu o escâner registrar mais alguma coisa. Sentou-se ao computador.
– Ainda tem mais! O escâner detectou amônia e água oxigenada no esticador. Esses dois produtos são usados para a tintura de cabelo. – Informou Élter.
– Agora, ficou um pouco mais fácil. O assassino pintou o cabelo para ficar loiro. – Afirmou Tomas.
– Mais uma pista: o assassino é loiro. – Confirmou Marco.
Tomas saiu do laboratório para contatar os policiais com o intuito de conseguir mais informações.
O detetive, o assistente e o chefe do laboratório estavam no escritório pensando algo para encontrar o culpado, quando Tomas chegou à sala com mais informações.
– Entrei em contato com o síndico. Detetives Óliver e Esteves, ele os receberá e os levará até a sala de segurança. Lá, você acessarão as câmeras do prédio. Qualquer novidade, informem-me imediatamente.
Os dois desceram até a garagem e mais uma vez voltaram ao Aquarius.
O síndico já o esperava na portaria. Saíram do carro e se identificaram mostrando os distintivos do DRC.
– Sou o detetive Élter Óliver.
– Sou Marco Esteves, assistente do DRC.
– Já falei com Tomas Carvalho. Lamento pelo que aconteceu aqui no Aquarius. Acompanhem-me até a sala de segurança.
Ao chegarem à sala, que fica no subsolo do Condomínio, Élter se sentou a um computador e Marco a outro. O síndico deixou a sala e disse que estava à disposição do DRC.
– Vejamos, Patrícia é moradora do apartamento 267, 5.º andar, bloco 4. – Disse Marco.
Élter encontrou algo nas gravações e congelou as imagens.
– Temos um problema: a câmera do estacionamento registrou duas pessoas de colete laranja próximas à Hilux em que estava a arma do crime.
O síndico entrou para sala e viu a tela do computador com as imagens de dois homens congeladas.
– Esses dois são Carlos Franco, o jardineiro, e Fernando Tavares, o motorista reserva do prédio. Ou melhor, ex-motorista. Foi demitido ontem.
Élter ligou para Tomas e acessou as fichas de funcionários do condomínio. Desde o momento em que entraram na sala, Tomas e Marcelo ouviam tudo do escritório do DRC pelo fone comunicador.
– Estou na escuta. Sabemos que o assassino usava colete laranja, tem o rosto arranhado e cabelo loiro. – Falou Tomas.
– O único loiro que vemos aqui é Fernando. Ele é o assassino! Vamos, Élter. – Disse Marco, levantando-se.
O síndico indicou a localização da casa de Fernando. Mas não sabia o que o teria levado a cometer um crime. Os dois seguiram para o endereço, levando dois policiais. Tomas deixou o escritório DRC e foi para a casa de Fernando.
– Fernando Tavares, você está preso pelo assassinato de Patrícia Dornelles. – Falou Tomas.
– Encontramos a arma do crime na Hilux do Aquarius, onde você foi filmado. Tinha seu DNA nela e essas assaduras de corda em suas mãos tornam o caso mais claro. – Afirmou Élter.
– Fui informado de que você foi demitido por causa de Patrícia. Ela o denunciou por roubo. Você deve ter ficado louco de raiva. Raiva bastante para matar? – Questionou Tomas.
– Depois que a linguaruda me entregou, perdi meu emprego. Ela teve o que mereceu. Quem muito abaixa, mostra a bunda. – Falou Fernando, com aparência fria.
– E quem comete crime… vai para a prisão! – Completou Tomas.