Fato destorcido ou fato distorcido? Destorcer ou distorcer?

Betty Vibranovski

Qual a frase correta?
1) Ele destorceu os fatos.
2) Ele distorceu os fatos.

Frase correta: “Ele distorceu os fatos”.

DESTORCER = endireitar (o que está torcido); virar para o lado oposto; dar voltas em sentido contrário.

DISTORCER = mudar o sentido ou intenção de algo; desvirtuar; torcer (fatos, palavras, declarações); deformar; provocar distorção em;

Exemplos:

– “Em 2019, ainda há muita gente que não entende ou distorce as ideias de Darwin e seus estudos científicos.” – G1 – 12/02/2019.

– “Para qualificar Bebianno de mentiroso, Carlos distorce a informação publicada no Globo, ao sugerir que as três conversas haviam tratado do caso dos laranjas” – G1 – 20/02/2019.

– “Slogan criado por Obama é distorcido por republicanos” – Jornal Extra – 31/08/2012.

– O alto-falante está distorcendo o som.

Fonte: ABC da Língua Culta, de Celso Luft.

Comunicação assertiva

Betty Vibranovski

F

Você sabia que a comunicação assertiva é uma das principais competências desejadas pelo mercado de trabalho? Veja o que diz Mônica Barg, coach e especialista em desenvolvimento humano.

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Comunicação assertiva é uma forma de se comunicar positiva e construtivamente, é se posicionar com segurança. Na comunicação assertiva, as informações são claras, dinâmicas e em tom de respeito, proporcionando uma relação empática mesmo quando temos que dizer “não” ou lidar com assuntos difíceis.

Essa habilidade está relacionada ao nível de inteligência social e à capacidade de relacionamento. Trata-se de um canal aberto para a gestão de equipes e de uma liderança inspiradora.

Portanto, seja em casa com a família, com os amigos ou no trabalho, a busca de uma comunicação assertiva é um desafio para todos.

Aprender a se expressar de forma verbal e não verbal é fundamental para o sucesso das relações interpessoais.

Veja abaixo dicas essenciais:

# 1. Entenda o outro: observe como as pessoas à sua volta se comunicam e preferem ser abordadas. Adeque-se ao modelo de cada pessoa.

#2. Escute ativamente: 55% da comunicação humana é feita de forma não verbal, ou seja, realizada por meio de gestos, olhares e postura corporal. Esteja atento a tudo.

#3 Cuidado com as expressões: será que o modo como você se expressa é adequado? Muitas vezes nos esquecemos de observar se estamos sendo assertivos ou ofensivos. Atenção ao tom de voz e expressões verbais e não verbais.

#4. Timing é tudo: escolha o momento e o tempo certo para se manifestar. É essencial sentir e perceber a hora certa de falar. Use sua sensibilidade para não falar no momento errado.

#5. Conteúdo: busque o conhecimento do tema, referências, autores e leituras. O domínio dos termos técnicos dá maior embasamento e assertividade na comunicação.

#6. Mediação: procure tornar as ideias claras, simplificando a linguagem e ordenando as informações.

#7. Pratique: trabalhar para manter sua capacidade de comunicação é essencial para obter bons resultados e garantir o andamento de suas relações interpessoais. Invista em aprimoramento e continue a comunicar-se bem.

A boa notícia é que tudo isso pode ser treinado e aprendido.

Quando usar o pronome LHE

Quais frases estão corretas?

  • 1)  Vou lhe encontrar amanhã.
  • 2)  Gostaria de lhe convidar para o lançamento do meu livro.
  • 3)  Vou encontrá-la amanhã.
  • 4)  Gostaria de convidá-lo para o lançamento do meu livro.

 

Pronome “lhe” (lhes)

O pronome oblíquo átono “lhe” é usado somente com verbos transitivos indiretos, ou seja, que pedem preposição:

  • O diretor disse ao gerente que haverá mudanças. / O diretor lhe disse que haverá mudanças.
  • Entreguei as provas corrigidas aos alunos. / Eu lhes entreguei as provas corrigidas.
  • Lisa agradeceu ao amigo pela ajuda / Lisa agradeceu-lhe pela ajuda.

 

Pronome “o” (o, a, os, as, lo, la)

Usado somente com verbos transitivos diretos, ou seja, que não pedem preposição:

  • Vou encontrar Maria mais tarde. / Vou encontrá-la mais tarde.
  • Gostaria de convidar você para o lançamento do meu livro / Gostaria de convidá-lo para o lançamento do meu livro.
  • Eu não vi a professora. / Eu não a vi.

 

Errado: “O diretor lhe convidou para o cargo”. Certo: “O diretor o convidou para o cargo”. Quem convida convida alguém.

Errado: “Vou lhe ajudar”. Certo: “Vou ajudá-lo”. Quem ajuda ajuda alguém.

Errado: “Ele não vai obedecê-lo”. Certo: “Ele não vai lhe obedecer”. Quem obedece obedece a alguém.

Errado: “Eu lhe encontrei”. Certo: “Eu o encontrei”.

 

Embaixo ou em baixo?

Qual frase está correta?

1) Eu concordo e assino em baixo.

2) Eu concordo e assino embaixo.

Embaixo

É advérbio. Equivale a “em lugar inferior”; “por baixo”.

  • Eu concordo e assino embaixo.
  • O carro em que ele estava ficou preso embaixo do ônibus.

advérbio “embaixo” é sempre escrito junto, apesar do contraste com o antônimo “em cima” (exemplo de arbitrariedade gramatical).

Em baixo

A expressão “em baixo” somente se emprega quando a palavra “baixo” é adjetivo, ou seja, quando qualifica um substantivo:

  • Ele gosta de ouvir música em baixo volume.
  • Ela está falando em baixo tom de voz.
  • A resposta foi em baixo nível.

CRASE antes de locuções adverbiais de circunstância

Lembrando: crase é a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a” .

As locuções adverbiais de circunstância (modo, meio, lugar, tempo) são formadas pela preposição “a” + substantivo ou adjetivo.  Ou seja, elas começam com a preposição “a” ou com o “a” craseado ( = preposição + artigo).

Nas locuções adverbiais masculinas, nunca há crase (pois o substantivo masculino não é determinado pelo artigo “a”). Exemplos:

  • a cavalo
  • a pé
  • a caminho
  • a gás
  • a gosto
  • a lápis
  • a nado
  • a óleo
  • a postos
  • a prazo
  • a sangue-frio
  • a sério
  • a vapor
  • a tiracolo

Nas locuções circunstanciais femininas, embora esse “a” possa ser só preposição, é de tradição acentuá-lo por motivo de clareza. Compare nos exemplos o sentido da frase com e sem o acento indicativo de crase:

  • Vendeu a vista (os olhos). Vendeu à vista.
  • Cheirava a gasolina. Cheirava à gasolina. (tinha o cheiro de)
  • É para receber a bala. É para receber à bala (com bala).
  • Lavar a mão. Lavar à mão.
  • Pagou a prestação. Pagou à prestação.
  • Tranquei a chave (a chave foi trancada). Tranquei à chave.
  • Bater a porta. Bater à (na) porta.
  • Lavar a máquina. Lavar à maquina.
  • Veio a tarde. Veio à tarde.

Nos casos acima, não funciona o artifício de ver como é que se comporta uma expressão similar no masculino, pois não haverá correspondência de “à” com “ao”. É uma exceção. Exemplo: à vista, a prazo.

Locuções adverbiais de modo e meio

1) Exemplos de locuções em que o acento indicativo de crase é de praxe: à espreita, à evidência, amor à primeira vista, andar à solta, assalto à mão armada, cortar à faca, cumprir o trato à risca, encontra-se à paisana, escreve à caneta, estou à disposição, ficar à vontade, modéstia à parte, viver à toa.

2) É facultativo o acento indicativo de crase quando não há confusão possível: barco a vela, carro a gasolina.

3) É obrigatório o acento quando o locução é formada por adjetivo: bife à milanesa, comer às escondidas, falar às claras, ficar às escuras.

4) É obrigatório o acento quando a locução termina em “de” e em “que”: à custa de, à força de, à frente de, à mercê de, à semelhança de, à medida que, à proporção que.

Locuções adverbiais de tempo de lugar

1) É obrigatório o acento nas locuções circunstanciais femininas de tempo e lugar em que se tem “a” + “a”, o que se comprova com a substituição do primeiro “a” por outra preposição. Exemplos:

  • à epoca (=na época)
  • à frente (=na frente)
  • à direita
  • à sombra
  • à beira-mar

2) Acentua-se todo tipo de locução adverbial  feminina quando o artigo e o substantivo estão no plural. Exemplos:

  • às mil maravilhas
  • às ordens
  • às vezes
  • às avessas
  • às centenas

CRASE antes de pronome possessivo (sua, minha, nossa)

Qual frase está correta?

  1. Dei um presente à minha filha.
  2. Dei um presente a minha filha.
  3. Ambas estão corretas.

Sabemos que a crase está condicionada ao uso simultâneo da preposição “a” com o artigo “a”.

É facultativo o uso da crase antes de pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo antes desses pronomes. Observe:

  • Minha avó tem setenta anos. //  A minha avó tem setenta anos
  • Minha irmã está esperando por você. // A minha irmã está esperando por você.

Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

  • Cedi o lugar a minha avó.
  • Cedi o lugar à minha avó.
  • Diga a sua irmã que estou esperando por ela.
  • Diga à sua irmã que estou esperando por ela.

No entanto, é recomendável usar o acento indicativo de crase antes do pronome possessivo para evitar ambiguidades.

Exemplo:

  • Favor anexar a sua declaração de isento a sua identidade.

Anexar o que a quê? É preciso deixar isso claro com o uso da crase:

  • Favor anexar à sua declaração de isento a sua identidade.
  • Favor anexar a sua declaração de isento à sua identidade.

Outros exemplos em que a crase é importante para a clareza da mensagem:

  • Dobre à sua direita.
  • Disse à sua advogada que é inocente.
  • Entregue [isso] à minha mãe.
  • Peço que junte à nota fiscal a sua fotografia.
  • Coloco-me à sua disposição.

Ela mesmo fez ou Ela mesma fez?

Qual frase está correta?
– Ela mesmo fez a torta.
– Ela mesma fez a torta.

A palavra “mesmo” pode ser usada no seguintes casos:

1) Equivalendo a “próprio”, “em pessoa”, “exato”, “idêntico”, “tal qual”, situação em que é pronome de reforço (*) ou adjetivo (**) e, desse modo, variável:

Eles mesmos resolveram a questão. // Ela mesma resolveu a questão. // Elas mesmas resolveram isso. (*)
Foi pelo mesmo caminho. // Ela usou a mesma roupa. (**)

2) Com o sentido de “justamente”, “até”, “ainda”, “realmente”, funcionando como advérbio e, portanto, invariável:

A cantora é mesmo boa.
Esta notícia é mesmo verdadeira?
Há mesmo necessidade de fazer isso?
É aqui mesmo que eu moro.

3) Equivalendo a “embora”, “apesar de”. Nesse caso, é uma conjunção concessiva.

Mesmo exausta, não deixa de praticar atividades físicas.
Mesmo diante de provas, o réu ficou silente.

4) Significando “a mesma coisa”, com valor de substantivo (invariável, no masculino).

Eu disse o mesmo a ela.
Fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente.

Atenção:

Não se deve usar “o mesmo” ou “a mesma” no lugar de pronome pessoal. Não chega a ser um erro gramatical, mas é um uso deselegante dessa palavra.

Frase inadequada: “Falei com o professor e o mesmo me prometeu entregar as notas amanhã”.
Frase adequada: “Falei com o professor e ele me prometeu entregar as notas amanhã”.

Frase inadequada: “Busque os documentos e verifique se os mesmos estão assinados”.
Frase adequada: “Busque os documentos e verifique se eles estão assinados”.

CRASE antes de nomes próprios geográficos

Lembrando: crase é a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a” .
Como saber se diante dos nomes de cidades, estados e países se usa a ou à?
=> Se o nome é feminino e pode ser precedido pelo artigo a, existe a possibilidade do uso do a craseado.

Cidades
Não se usa o acento indicativo de crase diante dos nomes de cidades, porque eles repelem o artigo definido. Vejam:
Venho de Florianópolis. // Ele mora em Curitiba. // Estivemos em Vitória. // Salvador é uma festa.
Sem crase, então, antes dos nomes das cidades:

– Vamos a Salvador.
– Bem-vindos a Blumenau.

Estados
Só dois estados brasileiros admitem a crase: a Bahia e a Paraíba.

Os demais ou são nomes masculinos ou não são determinados pelo artigo (Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Roraima, Sergipe)

– Bem-vindos à Bahia.
– Vamos à Paraíba e a Santa Catarina.
– Esse patrimônio pertence a Goiás.
– Refiro-me ao Pará e ao Amapá.

Países
A presença do a craseado diante de um nome de país depende de esse país ser determinado ou não pelo artigo definido.

Entre os países que levam artigo, alguns são masculinos (o Canadá, os Estados Unidos, o Japão, o Chile…), outros são femininos (a Rússia, a Venezuela, a Argentina, a Índia…).

– Bem-vindos à Argentina.
– Refiro-me à França, à Polônia e à Espanha.

Travessões e parênteses – quando usar. Travessão não é hífen

Travessão

Uma observação importante: travessão não é hífen.

O hífen tem dois empregos:

– Liga o pronome átono ao verbo (vende-se, diga-me).
– Forma palavras compostas.

Usos do travessão:

1) Os travessões dão realce àquilo que delimitam, em geral uma explicação ou detalhe da informação apresentada imediatamente antes:

– O Estado do Rio – o mais afetado pelas chuvas – precisa de ajuda.

2) O travessão serve também para introduzir diálogos:

Esta é a história de um sujeito que só falava palavras começadas pela letra “F”.

O sujeito chega ao restaurante, senta-se e, acenando com o braço, diz:

– Faz favor, firmeza, fineza fazer frango frito!

– Pois não. Com quê, cavalheiro?

– Farofa, feijão, fritas.

(Para conhecer a história completa, clique aqui.)

Parênteses

Atenção: “parênteses” é o plural de “parêntese”:

– Abra parêntese. // Coloque entre parênteses.

Os parênteses dão a ideia de algo a mais. O trecho contido neles é secundário, acessório. É, em geral, uma explicação, um comentário ou uma reflexão, adicionando uma informação que não altera o sentido principal.

Para saber se o uso dos parênteses está correto, leia o texto omitindo o trecho entre parênteses. Se ele fizer sentido, os parênteses foram bem empregados.

– O senador é investigado por ter recebido propina quando era governador de Minas Gerais (2003-2010).

– No acidente com o avião da TAM (9 de junho) morreram 189 pessoas.