Betty Vibranovski
1/ Falta dez dias para a viagem ou Faltam dez dias para a viagem?
2/ Falta duas pessoas ou faltam duas pessoas?
3/ Falta resolver duas questões ou Faltam resolver duas questões?
Sabemos que o verbo deve concordar com o seu sujeito. Portanto, as frases corretas são:
1) Faltam dez dias para a viagem. Essa frase pode ser lida como “Dez dias para a viagem faltam”. O sujeito de “faltar” é “dez dias para a viagem”.
2) Faltam duas pessoas. “Duas pessoas faltam”. O sujeito de “faltar” é “duas pessoas”.
3) Falta resolver duas questões. A frase pode ser lida como “Resolver duas questões falta”. O sujeito do verbo “faltar” é “resolver duas questões”. Quando o sujeito de um verbo é uma oração (sujeito oracional), esse verbo fica na terceira pessoa do singular.
Outros exemplos:
– Falta comprar ovos.
– Nós vamos ao cinema, só falta comprar os ingressos.
– Faltam duas horas para irmos embora.
– Faltam dois dias para o fim de semana.
Armadilhas de concordância
Por Laércio Lutibergue
Na língua portuguesa, a maioria dos verbos fica depois do sujeito:
– Eu (sujeito) canto (verbo).
– As meninas (sujeito) viajaram (verbo).
– Guilherme e Mariana (sujeito) chegaram (verbo).
O falante escolarizado dificilmente comete deslizes de concordância com esses verbos.
Há, porém, um pequeno grupo de verbos que quebram esse paradigma e normalmente ficam antes do sujeito. Ei-los: “acontecer”, “bastar”, “caber”, “existir”, “faltar”, “ocorrer”, “restar” e “sobrar”.
Com eles, são frequentes erros como “Aconteceu fatos desagradáveis”, “Basta dois gols”, “Falta duas semanas para o Natal”, “Restou muitas dúvidas”, “Sobrou algumas empada”.
Esses erros mostram a importância da ordem “sujeito – verbo” e como o deslocamento do sujeito confunde as pessoas a ponto de elas acharem que o sujeito é um objeto direto.
Para se livrar de erros como esses, há duas orientações.
A primeira: na hora de fazer a concordância é preciso estar ciente de que a ordem “sujeito – verbo” pode estar invertida, pode ser “verbo – sujeito”.
A segunda: saber identificar o sujeito e, para isso, é só perguntar “o quê?” antes do verbo. A resposta é o sujeito.
Vejamos: queremos saber se o certo é “Falta ou Faltam duas semanas para o Natal”. Perguntamos “O que falta?”. A resposta, “duas semanas para o Natal”, é o sujeito. Temos então certeza de que o certo é “Faltam duas semanas para o Natal” e não há risco de sermos traídos pelo deslocamento do sujeito.
Artigo de Laércio Lutibergue originalmente publicados no site Português na Rede.